mai302012
2 Nas Asas do Tempo (Outlander #1)
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3 estrelas,
Diana Gabaldon
Em 1945, Claire Randall, ex-enfermeira do Exército, regressa da guerra e está com o marido numa segunda lua-de-mel quando inocentemente toca num rochedo de um antigo círculo de pedras. De súbito, é transportada para o ano de 1743, para o centro de uma escaramuça entre ingleses e escoceses. Confundida com uma prostituta pelo capitão inglês Black Jack Randall, um antepassado e sósia do seu marido, é a seguir sequestrada pelo poderoso clã MacKenzie. Estes julgam-na espia ou feiticeira, mas com a sua experiência em enfermagem, Claire passa por curandeira e ganha o respeito dos guerreiros. No entanto, como corre perigo de vida a solução é tornar-se membro do clã, casando com o guerreiro Jamie Fraser, que lhe demonstra uma paixão tão avassaladora e um amor tão absoluto que Claire se sente dividida entre a fidelidade e o desejo… e entre dois homens completamente diferentes em duas vidas irreconciliáveis.
Vive-se um período excepcionalmente conturbado nas Terras Altas da Escócia, que culminará com a quase extinção dos clãs na batalha de Culloden, entre ingleses e escoceses. Catapultada para um mundo de intrigas e espiões que pode pôr em risco a sua vida, uma pergunta insistente martela os pensamentos de Claire: o que fazer quando se conhece o futuro?»
"São os Homens que acham que deve haver maus agouros e magia nas mulheres, quando é essa apenas a forma natural das criaturas."
- Nas Asas do Tempo
Género: Ficção Histórica
Editora: Casa das Letras
Título Original: Outlander (1991)
N.º de Páginas: 770
Editora: Casa das Letras
Título Original: Outlander (1991)
N.º de Páginas: 770
✏ Série Outlander:
1 - Na Asas do Tempo
3 - A Viajante
5 - A Cruz de Fogo;
7 - An Echo in the Bone;
8 - Written in My Own Heart's Blood;
9 - Go Tell the Bees that I am Gone
A Minha Opinião:
Nas Asas do Tempo é aquilo que parece: um livro muito extenso e de leitura difícil. Mas eu penso que tem exatamente o tamanho necessário para ser o que é: formidável!
Ao longo de todo o livro é mais do que notável a minuciosa pesquisa que Diana Gabaldon executou para o escrever, enriquecendo-o com uma vasta informação histórica. A conjugação de várias vertentes renova constantemente o interesse por esta leitura, sem que acabe por se tornar aborrecido. Este não é definitivamente um romance comum e não se consegue encaixar o seu género em nenhuma categoria específica, por muita boa vontade que se tenha.
A dificuldade da leitura de Nas Asas do Tempo não advém do seu elevado volume mas sim pela pesadíssima dor emocional que nos transmite, chegando a ser emocionalmente esgotante. A obra é cativante, estimulante e envolvente, com diversas passagens divertidas e caricatas, isso é ponto assente, mas é também densa, violenta e a certa altura constrangedora e desagradável. Digo isto obviamente devido às cenas de violência sexual que além de brutais apresentam-se desnecessariamente de forma demasiado gráfica.
Uma coisa é certa: Diana Gabaldon não se refreou na sua escrita nem na descrição dos acontecimentos e julgo que não deve ser censurada por isso. O facto é que escreveu um livro magnífico, muito bem estruturado, pegando em ficção científica e ficção histórica e lançando-as uma contra a outra…mas que não é um livro para todos…
As personagens estão extremamente bem caracterizadas (Okay…convenhamos que Diana Gabaldon teve 772 páginas para o fazer…), pelo que o leitor consegue por si próprio descrevê-las com facilidade: Claire, a protagonista, é uma mulher forte e corajosa, persistente mesmo na adversidade, inteligente e que faz as nossas delícias com a sua personalidade arisca e ousada; já Jamie Fraser fascina-nos com o seu sentido de honra, dedicação e simplicidade. De facto, à medida que acompanhamos Claire na sua aproximação a James, a protagonista não é a única a apaixonar-se por este escocês abrutalhado das Terras Altas. Por baixo daquele ar insensível, desagradável e da sua especial apetência para a indelicadeza encontra-se um homem muito gentil e é muito interessante observar a diferença entre a interação desta personagem com outras e a sua interação com Claire, para quem conserva todo um lado romântico, sensível e carinhoso aparentemente nada relacionado com a sua personalidade rude.
Estas duas personagens formam um casal formidável, com um nível de intimidade raro que cresce a partir do desenvolvimento de uma amizade muito especial, muitas vezes posta à prova graças à honestidade brutal que caracteriza ambas as personagens.
Como se não bastassem estas duas personagens magnificamente construídas, as restantes figuras da trama surgem-nos elas próprias muito realistas e bem estruturadas, com interesses e motivações pessoais que conferem grande dinâmica ao livro.
A narração está a cargo da própria protagonista mas não ficamos de todo limitados ao seu ponto de vista. Brilhantemente executado através de excelentes diálogos e da própria narração, Diana Gabaldon permite-nos aceder a outras perspetivas. Além disso, apesar de recuar no tempo, Diana não desperdiça tempo em contar-nos como eram as coisas naquela altura mas sim mostrando-as.
Apesar da componente mágica já do domínio do fantástico, a autora consegue transmitir grande credibilidade e realismo à história que nos conta, revelando paradoxos interessantíssimos relacionados com a viagem no tempo.
A passada da narrativa é relativamente rápida, embora se arraste em algumas partes como na parte da prisão . A cena em que Jamie agride Claire é das mais revoltantes que já li principalmente porque é transmitida como algo aceitável e compreensível/justificativo, ideia que eu não consigo conceber mesmo tentando contextualizar historicamente algo que na altura podia não ser visto como abuso…mas Claire não era desse período, viajou no tempo para o passado e foi-nos apresentada como uma mulher independente, moderna e sem papas na língua...mas que nesta passagem nada faz para se defender nem parece ofender-se muito com o sucedido...pelo que acho que nesta cena Diana Gabaldon perdeu completamente as personagens que se tinha esforçado até à altura para construir.
Além do mais, indo esta cena de encontro ao sadismo do próprio vilão da história é muito desagradável para o leitor comparar neste ponto o herói que já admirávamos pela sua integridade moral com um vilão deste calibre pelo qual somos impelidos a sentir repulsa e nojo. Não penso que a introdução desta cena no livro seja de todo compreensível e creio que só teria a ganhar se tivesse sido publicado sem ela.
Um outro ponto menos positivo é a facilidade com que Claire se adapta à nova vida, como se viajar no tempo fosse algo completamente natural e também o desembaraço com que parece esquecer-se do marido que tinha no presente e dos seus sentimentos por este.
É pela cena da agressão de James a Claire e não a arrojada descrição dos abusos sexuais que me recuso a dar mais do que três estrelas a este livro. A cena de agressão a uma mulher faz-nos ficar de pé atrás com o herói da trama e desilude-nos quando penso que não era essa a pretensão da autora. E a falta de reacção por parte de Claire vai totalmente contra a personalidade que lhe foi atribuída. Quanto à cena de abuso, apesar de violenta e repulsiva, está bem escrita e cumpre a sua função no livro: chocar o leitor, drená-lo emocionalmente, levá-lo a repudiar fortemente o vilão e transmitir-lhe a dor de James. E eu penso que é a transmissão de sensações em bruto para o leitor, sejam elas boas ou más, de alegria ou tristeza, fascínio ou repulsa, que definem um bom livro... Um livro que não nos transmite sensação/sentimento algum não pode ser um bom livro.
✏ Série Outlander:
1 - Na Asas do Tempo
3 - A Viajante
5 - A Cruz de Fogo;
6 - A Breath of Snow and Ashes;
7 - An Echo in the Bone;
8 - Written in My Own Heart's Blood;
9 - Go Tell the Bees that I am Gone
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Bom dia galera! Acabei de ler o 6º livro da série e estou doida para ler o 7º. Alguém sabe onde posso baixar?
ResponderExcluirlegal
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