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0 Somos Todos Feitos de Estrelas | Opinião


Se pudesse deixar uma carta a despedir-se de quem mais ama… o que escreveria?

Noite após noite, Stella Carey, enfermeira num centro de cuidados paliativos, dedica-se a escrever cartas de despedida em nome dos doentes, contendo desejos finais e, muitas vezes, segredos guardados ao longo de uma vida, prometendo enviá-las aos seus entes queridos após a sua morte.

Ninguém sabe que o casamento de Stella está prestes a desmoronar-se. O seu marido, Vincent, regressou da guerra marcado física e psicologicamente, e já não é o mesmo homem por quem se apaixonara. As noites dão a Stella a tranquilidade que não encontra em casa e a esperança de poder fazer a diferença na vida dos seus doentes através das cartas que escreve.

Até que, um dia, Stella escreve uma carta que contém uma revelação capaz de mudar o rumo de uma vida, e sente o dever de a enviar quanto antes para conceder a alguém uma última oportunidade de reconciliação e de um final feliz.


Autor: Rowan Coleman   
Editor: TopSeller (Abril, 2016) 
Género: Romance
Páginas: 320
Original: We Are All Made of Stars (2015) 

opinião
★★(5/5)

É a morte que dá vida a este livro.
O trocadilho pode parecer absurdo mas ao centrar o seu trabalho no fim da vida, Rowan Coleman coloca em evidência a urgência de viver e de o fazer focando as partes boas da nossa existência, a sorte que temos em ter certas pessoas ao nosso lado.
Infelizmente, muitas vezes essa urgência só chega quando um diagnóstico médico amplifica o som de um relógio que teimosamente recusamos admitir que tem estado a funcionar desde que nascemos, a contar o nosso tempo... e de repente o som desse tique-taque é a única coisa que conseguimos ouvir.

Parece-me seguro dizer que este ano ainda não tinha entrado tanto em sintonia com um livro e com os seus personagens como aconteceu com Somos Todos Feitos de Estrelas. Episódios comoventes, cenas românticas, algum humor e histórias de vida interessantíssimas aliam-se a uma prosa e a uma construção/desenvolvimento de personagens irrepreensível - portanto, não é de estranhar que me tenha deixado arrebatar pelo livro.

São três as histórias de Somos Todos Feitos de Estrelas, todas interligadas de alguma forma através de Stella que trabalha como enfermeira nos cuidados paliativos. Não querendo enfrentar a morte do seu casamento, Stella opta pelo turno da noite dedicando o seu tempo aos pacientes que esperam pelo fim, oferecendo-lhes companhia, conforto e garantindo que não dão o último passo sozinhos. Assim, Stella evita a convivência com o marido, um ex-soldado que regressou do Afeganistão com mais feridas do que aquelas que se podem efectivamente ver.
Vincent repudia a esposa, mal olha para ela, não suporta estar na sua companhia. Tudo indica que o homem com quem casou já não existe e Vincent não lhe dá sequer a oportunidade de aprender a amar este novo homem.

Hospitalizada no local de trabalho de Stella encontramos Hope, uma jovem de 21 anos forçada a conviver com a própria mortalidade desde que lhe foi diagnosticada fibrose cística, ou seja, desde que se conhece por gente. A sua relação com o melhor amigo, Ben, é genuína e enternecedora; uma excelente adição ao livro. Hope pode optar por se focar no que pode nunca vir a fazer ou simplesmente viver o máximo de experiências possível.

Por último Hugh, um historiador, especialista na cultura social do século XIX, pode não conviver de perto com a morte nem ser vítima de doença crónica ou terminal mas não se pode dizer não leva uma vida a inclinar um bocadinho para o «morto». Sem família ou relacionamento sério, com um bom emprego, liberdade e sem problemas financeiros, Hugh não tem problemas mas é evidente que alguma coisa está a faltar.

Todas estas histórias seguem caminhos muito interessantes, mas as cartas de despedida que Stella escreve a pedido dos seus pacientes são de tirar o fôlego. Nem sempre fáceis de ler, nestas cartas os remetentes centram-se não na doença ou na morte mas sim na vida que levaram e dão voz às preocupações que sentem por quem fica, pelos que vão chorar a sua ausência.

Não tenho dúvidas que alguns leitores possam achar esta leitura demasiado melancólica, mas eu adorei e recomendo!...

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Rowan Coleman é autora bestseller do Sunday Times e do New York Times. Além de tentar acompanhar o crescimento dos filhos e as aventuras de uma família alargada, Rowan dedica-se à escrita, sendo autora de mais de uma dezena de romances. Os seus livros já foram traduzidos em países como Alemanha, França, Itália, Polónia, Rússia, Sérvia ou Turquia. O seu romance The Memory Book foi selecionado para o Richard and Judy Book Club, e Runaway Wife foi o romance vencedor do Best Romantic Read 2012.


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