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0 A Felicidade Nunca Vem Só | Opinião


Com uma vida de sonho que é a inveja de todas as mulheres, Whitney MacAllister um dia é surpreendida quando um homem misterioso se apodera do seu Mercedes, pouco antes das balas começarem a voar. Mas esta não é uma tentativa de sequestro nem o homem ferido é um criminoso comum. Inesperadamente, Whitney é arrastada para uma parceria com um estranho para conseguir escapar à morte iminente. 

Diante deles está uma série de documentos roubados que levam a uma fabulosa fortuna escondida. Atrás, um grupo de assassinos implacáveis que eliminam quem se atravessa no seu caminho. A perseguição acaba por levá-los à exótica ilha de Madagáscar, onde o jogo terá um aterrador desfecho, que poderá não ter vencedores, nem perdedores… nem sobreviventes.


Autor: Nora Roberts  
Editor: Edições Chá das Cinco (Janeiro, 2016) 
Género: Romance
Páginas: 320
Original: Hot Ice (1987)  


opinião

Doug entra num carro aleatório para tentar despistar uns tipos que o perseguem para o matar... e assim conhece Witney, uma jovem que, apesar de pertencer a uma família riquíssima, vai obrigar Doug a torná-la sua parceira quando descobre que ele vai embarcar numa caça ao tesouro. Doug tem as peças necessárias para decifrar o puzzle, Whitney tem o dinheiro para financiar a expedição e juntos vão embarcar na aventura das suas vidas.

Esta é a parte que eu gosto no livro.
A aventura desenrola-se nas exóticas paisagens de Madagáscar. Constantemente perseguidos, Doug e Whitney têm que estar sempre a olhar por cima do ombro para garantir que se mantêm um passo à frente, o que dá à história um ritmo muito agradável e uma boa dose de suspense e acção. Além disso, não se trata de um tesouro qualquer mas sim de um espólio com importância histórica.

Quanto mais estes companheiros de viagem se conhecem, mais curiosos ficam um pelo outro. Whitney quer perceber se Doug é simplesmente um ladrão vigarista e oportunista ou se há nele algo de honesto... e Doug tenta entender afinal de que fibra é Whitney feita. Enquanto passam uma boa parte da viagem a espicaçarem-se um ao outro - o que resulta em cenas bem caricatas - a tensão sexual entre os dois vai aumentando para níveis quase palpáveis.

...E assim chegamos ao que eu não gostei no livro: o carácter (bastante duvidoso) dos protagonistas. Não é pelo facto de Doug ser um ladrão sem remorsos, até porque este não é o primeiro com o qual convivemos num livro de Nora Roberts, mas sim por ter escolhido deliberadamente esta "profissão". Tendo ganho uma bolsa para uma das universidades americanas mais prestigiadas, Doug preferiu seguir carreira de ladrão porque era mais "divertido"... Além disso, tinha "jeito" com sistemas de alarmes e fechaduras... E eu sugiro, por exemplo, e como simples analogia, que alguém que tenha "jeito" para manobrar objectos afiados com precisão siga carreira cirúrgica e não de assassino...

Por sua vez, Whitney é demasiado fútil e esta também está longe de ser a nossa estreia com personagens ricas e fúteis nos livros de Nora Roberts, mas Whitney, por se encontrar num meio tão empobrecido, abusa da nossa paciência estando constantemente preocupada com o que tem vestido, mesmo tendo em conta que corre um perigo enorme. E o pior é que ainda se atreve a criticar Doug por colocar o dinheiro à frente de tudo...

Whitney e Doug costituem um par demasiado egocêntrico e nem a tentativa de redenção no final do livro os isenta, pelo menos não aos meus olhos. Além disso este é um dos livros que nos mostra que, desde que bem romanceado, o leitor deve aceitar qualquer coisa, mesmo um trabalho em que as prioridades estão todas erradas. Lamento, mas não concordo - nem mesmo num livro de cariz leve como este - e a expressão "ladrão que rouba a ladrão..." tem muito pouco significado quando existem vítimas colaterais, como é o caso.

...E está visto que este é um daqueles livros que quanto mais aprofundo, menos motivos encontro para gostar deles... Assim sendo, vou limitar-me a dizer que, moralidades à parte, me diverti durante a leitura, que culpo as incongruências do livro na inexperiência da autora na altura em que o escreveu... e que vale a pena ler A Felicidade Nunca Vem Só pelo entretenimento.




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