0 Serões da Província | Opinião
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4 estrelas,
Júlio Dinis,
Romance
opinião
★★★★ (4/5)
Serões da Província era o livro de
Júlio Dinis que me faltava ler; mais uma vez somos brindados
com uma prosa harmoniosa muito apreciável, descrições lindíssimas, opiniões
interessantes e alguma crítica.
O livro divide-se em cinco histórias diferentes que, embora
não extraordinárias, são interessantes o bastante e brilham pelo talento
inegável de quem as escreveu.
A única coisa de que senti falta, embora não completamente
ausente, foi do sentido de humor característico de Júlio Dinis.
Frases Preferidas
«tudo naquela fisionomia revelava sentimentos nobres e
generosos, elevados brios, talvez uma excessiva sensibilidade, e um espírito
fácil em impressionar-se; graves defeitos para quem desejar viver em paz neste
mundo.» - p. 83
«os teus pensamentos são os meus, as tuas aspirações, são as
minhas! Em qualquer direcção que elas te apontem, eu te acompanharei.» - p. 120
«Suscita-se às vezes sobre qualquer indivíduo uma opinião
que se diz pública, somente porque cada qual em particular se não atreve a
reconhecê-la por sua;» - p. 124
«Não há vício menos popular do que o da avareza, pela razão
de serem poucos os que com ele lucram» - p. 126
«Por este tê-lo entendia-se dinheiro; é de facto o
substantivo que mais elipses suporta; tão presente o trazem na ideia, que não
necessita estar nas orações antecedentes, para ser subentendido.» - p. 132
«Não deve ser um martírio horrível vermo-nos de tal forma
compreendidos por um gato e quase na sua dependência?» - p. 156
«A desgraça está quando se nasce pobre e se tem gostos e
vaidade de rico. É a perda da criatura.» - p. 159
«Há reticências que são mais definitivas do que um ponto
final.» - p. 162
«Porque sabido é que os disparates também encerram
instrução» - p. 164
«A ignorância é sempre supersticiosa.» - p. 173
«essa involuntária ingratidão dos filhos, que mais parece
uma lei a que obedecem os afectos humanos» - p. 181
«A influência sente-se: não se explica.» - p. 198
«Todas as invulnerabilidades são como a de Aquiles; há
sempre um calcanhar que as atraiçoe.» - p. 199
«E o que julgo que nós todos devemos pedir a Deus é que não
nos dê longa vida ao coração, se isto de paixões tem alguma coisa com ele, para
que não seja o último a morrer.» - p. 217
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