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0 Os Cento e Vinte Dias de Sodoma + Opinião


Era preciso encontrar alguém capaz de descrever todos esses excessos, de os analisar, de os desenvolver, de os promenorizar, pôr em ordem e, ao mesmo tempo, fazer tudo isto sob forma de narrativa. E assim foi resolvido. Após buscas e informações inumeráveis, foram encontradas quatro mulheres já de meia-idade (pois era o que importava, por a experiência ser neste caso a coisa mais essencial), quatro mulheres, dizia eu, que, depois de terem passado a vida no mais excessivo deboche, se mostrassem preparadas para fazerem o relato perfeito de todas as minúcias.

Autor: Marquês de Sade
Editor: Antígona (2000)
Género: Literatura Erótica
Páginas: 576
Original: Les 120 journées de Sodome, ou l'École du libertinage (1785) [Goodreads]

opinião
   
(3 em 5)

«aconselho todos os devotos a porem este livro de parte, se não querem ficar escandalizados, pois vêem bem que o plano é pouco casto e desde já lhes podemos afirmar que a sua execução o é ainda menos.» (p. 42)

Pedofilia, violação , incesto, tortura, sodomia, coprofilia, coprofagia, emetofilia, zoofilia, necrofilia e coisas para as quais nem conheço nome; em «Cento e Vinte Dias de Sodoma» Marquês de Sade dedicou-se a descrever, de forma horrorosa e à qual é impossível ficar indiferente, os mais terríveis comportamentos sexuais parafílicos.

Este livro reúne provavelmente o grupo de personagens mais vis e nojentas da literatura; crimes de toda a espécie e desvios comportamentais são abordados filosoficamente por quatro amigos de elevada condição social servindo-se de teorias distorcidas que servem de justificação para os seus actos.

Assim, todo o livro é uma horrorosa provocação sobre o comportamento humano quando este não conhece barreiras... E não só o conteúdo é para lá de obsceno como o próprio narrador recorreu a uma linguagem a condizer.

Satisfiz finalmente a minha curiosidade sobre este livro, embora a sua leitura não me tenha proporcionado um único momento de paz e bem-estar, bem pelo contrário. Estou também desconfiada que, caso o Marquês de Sade tivesse tido em conta o ponto de vista das vítimas, não conseguiria terminar este livro e, depois de ver o que o escritor se preparava para descrever, fico até aliviada que não tenha acabado de o escrever.
«Pensa que há-de agradar a outros e sê filósofo» (p. 84)



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✏ Escritor francês (1740-1814), a sua obra só viria a ser revalorizada no início do século, com Apollinaire e os surrealistas. Em Sade, o Surrealismo descobriu o reivindicador de uma liberdade total face à sociedade. De salientar os romances Cent Vingt Journées de Sodome (Cento e Vinte Dias de Sodoma, 1782-1785), Justine ou les Malheurs de la vertue (Justina ou as Infelicidades da Virtude, 1791), Philosophie dans le Boudoir (1795) e L'Histoire de Juliette et sa sœur (1797), em que às cenas de libertinagem se assimila uma peculiar forma de reflexão filosófica.


História Secreta de Isabel da Baviera Mistérios Libertinos da Bastilha Os Cento e Vinte Dias de Sodoma Eugénie de Franval ou o Incesto História de Juliette ou as Prosperidades do Vício Dois Diálogos entre um Padre e um Moribundo A Filosofia na Alcova Justine ou Os Infortúnios da Virtude



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