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O homicida mais famoso da história tem um discípulo… mas agora na Londres do século XXI.

Em todos os seus anos de serviço, o inspetor-chefe Jack Pendragon nunca tinha visto um cadáver como aquele. Estranhamente mutilado e dramaticamente «esculpido», assemelhava-se à pintura surrealista O Filho do Homem, de Magritte. Essa constatação tornava o crime ainda mais macabro e preocupante. Revelava ser um homicídio calculista, premeditado e que antevia um serial killer. E rapidamente começaram a surgir novos crimes, todos eles encenados para se parecerem com pinturas surrealistas.
Londres, final do século XIX. Em Whitechapel, alguém, que permanece por identificar até hoje, cometeu uma série de sádicos assassinatos. Embora, neste caso, fossem prostitutas, a realidade é que as mutilações feitas nos corpos das vítimas são em tudo semelhantes, carregadas de simbolismos grotescos.
Apesar de distanciado por um século, este serial killer apresenta uma mentalidade tão patologicamente brilhante que todas as provas se tornam escorregadias e inconclusivas. Mas Jack Pendragon está determinado. Desta vez o assassino não vai ficar incógnito, não vai escapar…

Autor: Michael White
Editor: Casa das Letras (Abril, 2014)
Género: Policial/Thiller
Páginas: 416
Original: The Art of Murder (2010) [Goodreads] [WOOK]
   

Opinião:
My rating: 3 of 5 stars
'Arte Assassina' começa muito melhor do que acaba; o que, num thriller, quando tudo avança para a 'grande revelação', é normalmente sinónimo de desilusão.

Começamos com um homicídio numa galeria de arte - uma mórbida imitação do famoso quadro de René Magritte, O Filho do Homem. O inspector-chefe Jack Pendragon faz imediatamente a ligação entre a cena do crime que tem à sua frente e a obra de arte mas o motivo que levaria alguém a fazer algo tão doentio ultrapassa-o completamente… especialmente quando começam a aparecer outros cadáveres, vítimas de uma crueldade furiosa e extremamente violenta, todos bizarramente alusivos a uma conhecida pintura surrealista.

Ao mesmo tempo, vamos lendo cartas escritas por um outro assassino, supostamente Jack, o Estripador, em 1988. Foi desta tentativa de entrar na mente perturbada de um psicopata que mais gostei - especialmente um perpetrado como sendo extremamente disciplinado e metódico, convencido da sua superioridade intelectual, vocacionado para a maldade desde a infância. A comparação da produtividade artística e criatividade de um pintor com a de um escritor e a avaliação da extensão da loucura no mundo da arte são pontos focados de forma perspicaz e inteligentemente deixados em aberto, à nossa consideração.

Foi, no entanto, a investigação - muito dúbia, na minha opinião - que acabou por prejudicar o livro. Muita da informação é obtida clandestinamente, sem o envolvimento directo da polícia, o que nos leva a questionar de imediato a sua competência. Apesar de ter simpatizado com Pendragon, pareceu-me não possuir nenhum instinto para a profissão. Suspeitei da identidade do assassino muito antes de Pendragon, portanto, tornou-se irritante vê-lo ignorar pistas óbvias e passar o resto do livro apenas à espera da confirmação.

Este é um livro que funciona melhor pela perspectiva dos assassinos nele apresentados devido à curiosidade que possamos desenvolver pelas suas consciências e pensamentos, a forma como entendem as coisas que os rodeiam, até onde são capazes de ir. E porquê.

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Sobre o autor...
Michael White foi músico profissional, professor de ciências, colunista, editor de ciência da revista GQ e consultor da série The Science of the Impossible, do canal Discovery. 
É autor de mais de vinte e cinco obras, incluindo best-sellers internacionais como Stephen Hawking: Breve História do GénioLeonardo: o Primeiro Cientista e Tolkien: Uma Biografia, já editados em Portugal. 
Recebeu o Bookman Prize pelo livro científico mais popular de 1998, uma biografia de Isaac Newton, The Last Sorcerer. Em 2002, foi candidato finalista ao prestigiado Aventis Award com o livro Rivals e The Fruits of War esteve incluído na lista dos candidatos de 2006.
Membro honorário da Universidade de Curtin, no departamento de Investigação, vive na Austrália, com a mulher e os quatro filhos. Equinócio, o seu primeiro romance foi um bestseller internacional e, tal como O Segredo dos Médicis está publicado pela casa das letras.


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