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0 NY Times entrevista Jodi Picoult

O jornalista Andrew Goldman entrevistou Jodi Picoult. Uma versão desta entrevista foi publicada a 10 de Fevereiro na Sunday Magazine, sob o título Sisterhood's Keeper. Abaixo encontra-se a versão editada e revista para o The New York Times


AG: Acontecem coisas terríveis às suas personagens. O seu novo livro, The Storyteller, apresenta uma mulher em Auschwitz. Personagens anteriores incluem vítimas de um tiroteio na escola e pais de crianças que nascem com doenças horríveis. É um bocado sádico colocar as suas personagens a enfrentar tudo isto?

JP: Não penso que sou sádica. Sou supersticiosa. Há uma parte de mim que acredita que se escrever sobre uma criança com cancro, então os meus filhos estarão a salvo. Se escrever sobre um tiroteio ocorrido numa escola, isso não acontecerá onde vivemos. Se escrever sobre infidelidade o meu casamento estará a salvo. Claro que não funciona desta forma, e eu sei disso. 


AG: Então há uma neurose por detrás disto?

JP: Oh, caramba, claro que há. 


AG: O que é que a Jodi, autora de vários best sellers, pensa sobre As Cinquenta Sombras de Grey?

JP: E. L. James já se manifestou sobre o facto de se tratar de uma fan fiction da Saga Crepúsculo. Como escritora, acho condenável que alguém que iniciou um ciclo de história com as personagens já criadas por outra pessoa ganhe rios de dinheiro simplesmente por lhes dar novos nomes. Sinceramente, se eu fosse Stephanie Meyer, não ia achar isso muito gracioso. 


AG: Já se tem irritado quando alguém define os seus livros como chick-lit.

JP: Eu não me importo com o termo chick lit. Não escrevo nesse estilo literário, portanto acho engraçado quando as pessoas assumem que escrevo, baseando-se apenas no facto de eu ter uma vagina. Seria uma novidade para 47% das pessoas que me enviam emails, que por acaso são homens, descobrir que eu escrevo chick lit.


AG: Mas a capa deste livro é obviamente destinada a mulheres.

JP: Concordo. Mas aprendi a confiar que os departamentos de marketing sabem o que estão a fazer.Quando 60% dos compradores de livros são do sexo feminino, não podemos culpar um editor por ter como alvo essa audiência. 


AG: Vai trocar o seu editor de há muito tempo, Simon & Schuster, por Random House. Porquê?

JP: Por vários motivos. Tenho óptimos relacionamentos como pessoal da Simon & Schuster. Não estou a abandoná-los por um acesso de raiva, e não estou aborrecida com ninguém. Precisava apenas de experimentar algo novo para conseguir alcançar outro nível. 


AG: Outro nível de vendas?

JP: Não se trata necessariamente das vendas; mas sim de reconhecimento. Há um punhado de autores cujos nomes são considerados autênticas marcas. Patterson, Evanovich. É nesse sentido que gostaria de me dirigir. 


AG: Sempre que a questionaram sobre o pior livro que já leu, respondeu consistentemente Diário da Nossa Paixão, de Nicholas Sparks. Não receia cruzar-se com ele?

JP: Um dos motivos por que digo o que digo sobre Nicholas Sparks deve-se precisamente a ter-me cruzado com ele. 


AG: O que aconteceu?

JP: Nem pensar. Não vou entrar nesse assunto. Mas o que eu penso sobre o Diário da Nossa Paixão é que se trata de uma história sensacional, contada de forma muito pobre. 


AG: Algumas pessoas da comunidade literária disseram que por escrever um livro por ano, o seu processo deve ser menos criativo. 

JP: Já ouvi a palavra formulaico surgir quando as pessoas criticam os meus livros. Porquê? Porque tenho uma cena de julgamento em vários deles. Não tenho conhecimento que John Grisham seja apelidado de formulaico com frequência, portanto é bastante interessante. 


AG: Em 2010 criticou este jornal por ter opinado sobre Freedom de Jonathan Frazen duas vezes na mesma semana, o que não a surpreendeu por ele ser «um querido escritor caucasiano do sexo masculino». 

JP: Surpreendeu-me quando isso veio à baila. Não pensei que estivesse a dizer algo que ninguém soubesse, que os livros escritos por mulheres são avaliados com menor frequência e de forma diferente do que os livros escritos por homens e que há menos críticas do sexo feminino. 


AG: Quem pensa que deveria ter sido avaliado, em vez de Jonathan Frazen?
JP: Seria óptimo que se tratasse de uma mulher que escreva ficção comercial. Seria melhor ainda se fosse uma mulher de cor. Não tenho ninguém em mente. 

AG: Durante a questiúncula Frazen, mencionou que não tinha lido este livro. Chegou a lê-lo?
JP: Li cerca de metade, e depois parei.


AG: A sério?
JP: A sério. Pensei, está bem, já percebi tudo. Já estive aqui antes. Recordou-me  The Corrections. Gostei mais do The Corrections

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