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1 António Lobo Antunes

Escritor português nascido em 1942, em Lisboa.Ficcionista e autor de alguns ensaios literários que equacionam a análise psicológica com a criação artística. Formado em Medicina Psiquiátrica, exerceu actividade clínica durante a guerra colonial em Angola, e, posteriormente, em Lisboa, no Hospital Miguel Bombarda. 

Depois da publicação de Os Cus de Judas (1979), tornou-se um dos mais traduzidos e internacionalmente reconhecidos romancistas portugueses contemporâneos, tendo sido o convidado de honra do "Carrefour des Littératures" realizado em Maio de 2002. A partir desse romance, que fecha uma trilogia de inspiração autobiográfica, que, com Conhecimento do Inferno e Memória de Elefante, descrevia uma descida aos infernos, desde a experiência da guerra colonial até à perda do amor e ao regresso a um mundo de loucos, Lobo Antunes aperfeiçoa, durante a década de oitenta, uma cada vez maior desenvoltura na subversão das convenções narrativas quer do ponto de vista temático quer formal, o que culminaria com o fulgurante sucesso de Auto dos Danados, editado em 1985, obra galardoada com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. 

O constante cruzamento de vozes e a multiplicação dos pontos de vista; o livre encadeamento dos substratos temporais; a desarticulação da sintaxe narrativa; a metaforização insólita e frequentemente erotizada das descrições; a auto-referencialidade e intertextualidade; a versatilidade de articulação de diversos registos de linguagem e a utilização de um léxico sem censuras, frequentemente agressivo e injurioso; ou a individualização de anti-heróis através dos quais se perspectiva uma realidade abjecta, social, histórica e moralmente degradada, são alguns dos traços que consubstanciaram, desde então, a novidade trazida pela novelística de António Lobo Antunes. Ao mesmo tempo, a autognose cruel do país pré e pós-revolucionário é feita com uma violência e negatividade tais que visam, não o lirismo de uma revolta impotente, mas, pelo contrário, tocando o humor negro, a anulação de qualquer sentimentalismo na dessacralização das imagens de um passado recente e na análise lúcida da loucura e desmoronamento colectivos. 

Na edição dos prémios União Latina de 2003, o escritor foi distinguido com o prémio de Literatura pelo conjunto da sua obra, que foi definida pelo presidente do júri como "a voz mais expressiva" da realidade portuguesa. Em 2004, pelo seu livro Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo (2003), foi galardoado com o prémio Fernando Namora. Em Março de 2007 foi distinguido com o Prémio Camões, o mais importante galardão literário em Língua Portuguesa, no valor de 100 mil euros.


Livros de António Lobo Antunes:
  • Fado Alexandrino (Dom Quixote, 1997);
  • O Esplendor de Portugal (Dom Quixote, 1999);
  • As Naus (Dom Quixote, 2002);
  • Algumas Crónicas (Dom Quixote, 2002);
  • Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo (Dom Quixote, 2003): este é o 15º romance de António Lobo Antunes. Numa Angola pós-descolonização são enviados, um após o outro, agentes dos Serviços...que não regressam;
  • Eu Hei-de Amar Uma Pedra (Dom Quixote, 2004): durante anos, às quartas-feiras, numa pensão de Lisboa, uma homem e uma mulher encontram-se para viver uma paixão renascida após uma longa interrupção.
  • Auto dos Danados (Dom Quixote, 2005);
  • O Manual dos Inquisidores (Dom Quixote, 2005): relatos das transformações ocorridas após o 25 de Abril numa família com ligações ao antigo regime;
  • A História do Hidroavião (Dom Quixote, 2005): Uma história de amizade passada em Lisboa. A saudade de África. A nostalgia da infância. O Tejo como ponte de memórias e como cenário de fundo;
  • Terceiro Livro de Crónicas (Dom Quixote, 2006):selecção de crónicas publicadas entre 2002 e 2004;
  • Tratado das Paixões da Alma (Dom Quixote, 2006);
  • Ontem Não Te Vi em Babilónia (Dom Quixote, 2006): Uma noite ninguém dorme, e durante a meia-noite a as cinco da manhã, as pessoas sonham acordadas no sono: contam e inventam as suas vidas e as suas histórias, ou as histórias em que transformam as suas vidas, ou as vidas que transformaram em histórias;
  • Segundo Livro de Crónicas (Dom Quixote, 2007);
  • O Meu Nome é Legião (Dom Quixote, 2007): segue a vida dos jovens de um bairro social da periferia de uma grande cidade, descrita através de um relatório de polícia, o que aproxima a escrita do registo das crónicas;
  • Exortação aos Crocodilos (Dom Quixote, 2007);
  • Que Farei Quando Tudo Arde? (Dom Quixote, 2008);
  • A Morte de Carlos Gardel (Dom Quixote, 2008): Um pai ingénuo que acredita que Gardel não morreu naquele acidente aéreo, e uma tia obstinada dirigem-se a um hospital para velar um jovem heroínomano em estado de coma;
  • Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura (Dom Quixote, 2008);
  • O Arquipélago da Insónia (Dom Quixote, 2008);
  • A Ordem Natural das Coisas (Dom Quixote, 2008);
  • Os Cus de Judas (Dom Quixote, 2009);
  • Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar? (Dom Quixote, 2009);
  • Sôbolos Rios que Vão (Dom Quixote, 2010);
  • Conhecimento do Inferno (Dom Quixote, 2010);
  • Quarto Livro de Crónicas (Dom Quixote, 2011);
  • Comissão das Lágrimas (Dom Quixote, 2011);
  • Explicação dos Pássaros (Dom Quixote, 2011);
  • Livro de Crónicas (Dom Quixote, 2012);
  • Não é Meia-Noite Quem Quer (Dom Quixote, 2012); 
  • Memória de Elefante (Dom Quixote (reedição), 2013);


Um comentário:

  1. Obrigado António por partilhares tuas opiniões,tuas ideias.
    Tudo de bom para ti!
    Ana Maria Simão

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