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Uma Menina de Boas Famílias
Em 1932, três amigas vão estudar para Oxford: Verity, filha de um pastor anglicano; Lady Claudia, uma jovem aristocrata; e Lally, filha de um senador. Vee, uma impetuosa maria-rapaz, planeia usar a sua liberdade para corrigir tudo o que falhou na sua infância desprovida de amor. O seu fascínio pelo jovem Alfred abre-lhe as portas das misteriosas sociedades secretas e irá conduzi-la a uma imprevisível carreira como agente secreta. Claudia é resplandecente e intensa, e sente-se igualmente atraída por um misterioso grupo, ou melhor, por um dos seus membros em particular: o sofisticado John Petrus. É sob a sua influência que viaja para a Alemanha e se deixa enredar nos meandros do fascismo. Entre duas personalidades tão fortes, Lally, a americana glamorosa, tenta manter viva a chama da amizade mas, na verdade, está céptica e preocupada com as opções e crenças extremas das suas amigas. Mas o assustador ano de 1938 traz consigo a desilusão e Vee decide partir para a Índia. Uma decisão tempestuosa, ensombrada pelo perigo e pelo receio da guerra. Uma viagem que mudará para sempre a sua vida e a das suas amigas.

EditorEdições ASA (2011)
Páginas: 560
Original: Voyage of Innocence (2005)



Opinião:
Este livro começa de forma demasiado intrigante para a minha saúde! 

Elizabeth Edmondson atira-nos o misterioso desaparecimento da protagonista - Vee - e depois passa a ignorar completamente o assunto, levando-nos a viajar no tempo…não fosse esta viagem tão formidável e este livro estaria na base da causa da minha síncope cardíaca. 

Entram em cena tantas personagens, todas elas associadas de alguma forma a Vee, tantos nomes e sobrenomes…tantas recordações e premissas, que ficamos tontos logo no início do livro. As personagens ponderam, reconsideram e recordam partes das suas vidas…oscilamos entre o passado e o presente… completamente à deriva.

Elizabeth leva de facto o seu tempo a entrar na história…mas recompensa-nos largamente depois. «Uma Menina de Boas Famílias» é politicamente complexo: comunismo, marxismo, fascismo, capitalismo, socialismo; com cada um destes «ismos» a puxar a opinião das massas para o seu lado. O livro está escrito de forma muito inteligente neste sentido, começando com uma Alemanha muito distante, de pouca influência, até ao fascismo a conquistar largamente uma Europa que não sabia para que lado se virar…A sombra da guerra a pairar na vida de todas estas personagens, condicionando as suas vidas… personagens notáveis, tolhidas e apanhadas num tempo que nunca lhes foi justo. 

O retrato da sociedade pintado por Edmondson é fabuloso - as modas; a opinião sobre a homossexualidade na altura; as correntes de pensamento; a instabilidade política; os acontecimentos que marcaram a época, incluindo a guerra civil espanhola e os jogos olímpicos de Berlim em 1936 (e como eu adorei a inclusão desta parte!); o papel de uma mulher «moderna» numa sociedade ainda minada pela misoginia; a preconceituosa sociedade de classes da Inglaterra; a diferença nas condições de vida entre as classes; a religião…uff! Edmonson abordou realmente todos os aspetos da sociedade dos anos trinta e pintou-nos os detalhes com uma precisão magnífica!

A forma de apresentar o final, sob o título «Rescaldos», foi soberbamente perspicaz e interessante. O livro é, todo ele, maravilhoso; mesmo apesar da sua lenta construção e desenvolvimento arrastado, mas peca num aspeto que para mim é crucial numa leitura, e daí apenas as 4 estrelas - há um grande distanciamento entre o leitor e as personagens: o «narrador» não é dos melhores e apesar de nos levar com mestria até Oxford, Yorkshire, Lisboa, Berlim, Paris…não nos consegue levar até Vee…

Frases Preferidas:
«As memórias de música, de luz e de risos, ficam connosco para o resto das nossas vidas; são a dádiva que a juventude confere à maturidade.»
«Era a estação das festas, das danças e dos bailes.
E na Alemanha, a estação da queima de livros.» 
«(...) preferia sem dúvida um grupo de mulheres - podiam ser maliciosas, mas normalmente mantinham o seu bom humor.»
«Sou um gato bravio que não foi acarinhado quando era pequeno e por isso não pode entrar em casa para brincar e ser afagado e sentar-se junto à lareira.» 
«(...) não caias na esparrela do pensamento feito.» 


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 A Arte de Amar A Casa do Lago Uma Mansão na Bruma Uma Menina de Boas Famílias

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